terreno de peleja

Encaro aqueles olhos negros como um tigre prestes a atacar sua caça, enquanto me movo sinuosamente com o ritmo da música que toca ao fundo. As batidas da música intercalam com as do meu coração, e mesmo sem notar qual o som que toca, danço como se fosse a minha última dança. Como se depois dessa, minha vida chegasse ao fim.

Percebo que seus olhos fixam nos meus; eu os fecho, e sorrio. Enquanto minhas mãos percorrem meu corpo, guio meu quadril ritmadamente de um lado para o outro, meus pés deslizam harmonicamente com as batidas e meus cabelos brincam nas minhas costas.

Surpreendo-me ao abrir os olhos. Minha presa está diante de mim, com um sorriso malicioso em seu rosto. Sem nem tempo de esboçar alguma reação, sou segurada pela cintura e os papéis são invertidos. A presa agora sou eu, sendo vagarosamente saboreada pela minha outrora caça. Sua boca avança contra a minha, e eu sinto o sabor amargo da cerveja misturado com gosto acre do cigarro. A língua quente explora minha boca e diverte-se com a minha. Tenho meus cabelos presos com sua mão direita enquanto a esquerda me leva em direção ao seu corpo.

Tudo acaba tão rápido como começou. Não tenho tempo nem de perguntar seu nome ou de me despedir. Vejo apenas sua silhueta desaparecendo na multidão. Fico imóvel, como a caça jaz após ser desbravada pelo seu caçador.

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